Patrícia Bispo
Há quem acredite que, algumas vezes, para se atingir o sucesso profissional é preciso ter sorte na vida. Para o administrador de empresas e consultor organizacional, Yasushi Arita, isso é uma inverdade. Para se conquistar um cargo de destaque, por exemplo, o profissional precisa estar disposto a lutar pelo seu desenvolvimento e isso inclui trabalhar competências que hoje são consideradas indispensáveis para o mercado de trabalho, a exemplo das comportamentais. Apesar de muitas pessoas não gostarem de ouvir a palavra fracasso, essa deve ser vista não como o fim do mundo ou uma tragédia insuperável, mas sim considerada o início para uma nova conquista. Em entrevista ao RH.com.br, Arita dá algumas dicas para quem deseja obter sucesso na carreira. "Se alguém quer conquistar algum objetivo eu aconselho que não conte com a sorte", afirma o consultor. E se você está pensando em rever seus objetivos e metas profissionais, inclusive até mesmo você que deseja atuar ou já é da área de Recursos Humanos, aproveite a leitura!
RH.com.br - Alavancar a carreira é apenas uma questão de força de vontade da pessoa ou existem outros fatores que influenciam o sucesso profissional?
Yasushi Arita - A força de vontade impulsiona, mas sozinha não faz com que uma pessoa alcance seus objetivos. Ela deve ser somada a outros fatores essenciais para qualquer profissional. Na minha opinião, existem quatro importantes fatores que contribuem para um profissional alavancar sua carreira. O primeiro ponto é gostar do que faz. A atividade que realizamos deve ser prazerosa e estimulante. Pode até acontecer de um profissional desenvolver alguma atividade que não lhe agrade, mas se a intenção é se preparar, seja em conhecimentos ou financeiramente para aproveitar o momento oportuno, a satisfação e a vontade de fazer o melhor aumentam. Caso contrário deve criar coragem e aceitar outros desafios para desenvolver suas habilidades. Outro ponto é manter-se preparado e atualizado na área em que atua. Ter persistência para continuar em busca do alvo independentemente das circunstâncias e, principalmente, ter na mente e no papel um planejamento com metas e objetivos. Para quem não sabe aonde quer chegar a força de vontade não faz diferença alguma.
RH - Para se chegar ao sucesso também é preciso contar com um pouco de sorte?
Yasushi Arita - Se uma pessoa quer conquistar algum objetivo eu aconselho que não conte com a sorte. É mais garantido arregaçar as mangas e seguir em busca das suas conquistas. O que muitas vezes consideramos ser sorte é, na verdade, uma oportunidade bem aproveitada. O profissional que conquista um cargo de alto escalão numa empresa pode dizer que isso é um golpe de sorte ou resultado do investimento que fez em sua carreira? Agora digamos que um jovem profissional ganhou uma bolsa integral para fazer pós-graduação no Exterior, mas, apesar de diversas vezes ter iniciado um curso com esse objetivo não consegue pronunciar mais que um "good morning" e, por isso, não tem como corresponder às exigências da escola. Isso é falta de sorte? Não. Foi falta de preparo para aproveitar uma boa oportunidade. As oportunidades são identificadas por aqueles que estão preparados para enxergá-las.
RH - Atualmente, quais as principais competências que o mercado busca no profissional?
Yasushi Arita - Independentemente da área de atuação, a visão do especialista não é mais o único atributo desejável no mercado. O profissional do século XXI tem que ter mil e uma utilidades, ou seja, ter uma formação técnica é importante, mas deve ser somada a outros conhecimentos e atributos. O mercado precisa de profissionais que tenham talento, competência para várias habilidades, interesse constante em buscar treinamento, visão global, controle emocional e comunicação interpessoal. Pode parecer muita exigência para uma única pessoa, mas a verdade é que cada um de nós tem esses atributos, a questão é que muitos não se consideram capazes em associá-los. Um exemplo de personagem que sabe até hoje associar e obter bons resultados é Edson Arantes do Nascimento, conhecido mundialmente como Pelé, Rei do Futebol. Ele tem talento nato, assim como diversos outros jogadores, tem competência para desenvolver suas habilidades e jamais deixou de treinar, mesmo no auge de sua carreira. O fato de saber fazer bem alguma coisa não nos isenta de ter que treinar para melhorar sempre. O profissional que é capaz de associar suas habilidades certamente tem mais condições de responder às adversidades.
RH - Essas competências valem para qualquer profissão?
Yasushi Arita - Sim, essas competências valem para qualquer área de atuação, desde um limpador de vidros até o diretor de uma multinacional. O mercado precisa de profissionais que entendam as diversas ramificações do negócio que desenvolve. Isso acontece porque o modelo organizacional está cada vez mais enxuto e os recursos tecnológicos cada vez mais sofisticados. Na minha equipe, por exemplo, todos os profissionais são estimulados a desenvolver diferentes funções com a mesma destreza, o que eles correspondem de forma bastante positiva.
RH - O desenvolvimento das competências técnicas e comportamentais é de inteira responsabilidade do profissional ou as empresas também devem assumir uma parcela de contribuição?
Yasushi Arita - O desenvolvimento das competências técnicas e comportamentais depende tanto do profissional como da empresa. O profissional deve buscar alternativas para o seu desenvolvimento e, por outro lado, a empresa deve oferecer condições para que o seu colaborador possa desenvolver-se. As duas partes devem ter consciência de que um bom profissional é sempre assediado pelo concorrente e uma boa empresa é sempre alvo de bons profissionais. A parceria ideal acontece quando os interesses das partes têm a mesma finalidade. Não veremos um bom resultado quando a empresa está interessada no desenvolvimento de seu funcionário e este não tem interesse em aproveitar o que lhe é oferecido e o contrário também é verdadeiro.
RH - Que conselhos o senhor daria para um profissional que busca obter sucesso, mas sente que sua carreira estagnou?
Yasushi Arita - Quando um profissional sente que sua carreira está estagnada o primeiro passo é reconhecer que a responsabilidade é totalmente dele. Procurar culpados e justificativas é perda de tempo. Para não chegar a esse ponto é preciso treinar, treinar e treinar, o que abrange sair em busca de cursos, palestras, bate-papo com outros profissionais, se inteirar com as necessidades do mercado e ler muito. Cada profissional deve assumir o compromisso consigo mesmo de se manter atualizado para aproveitar as oportunidades. Lembra-se que falamos que não existe sorte? Quando um profissional está seguro da sua competência para desenvolver um projeto ou ocupar determinada função ele elabora estratégias para alcançar seu alvo. A falta de objetivo é o principal fator que emperra uma carreira. O meu conselho? Mãos à obra. Trace suas metas e objetivos e se determine a alcançá-los.
RH - A ambição é fator primordial para quem busca o sucesso?
Yashusi Arita - Quando falamos em ambição, a grande maioria das pessoas remete seu pensamento a algo pejorativo, pecaminoso, atributo de alguém que não tem caráter. Mas, não é nada disso. O Aurélio define o termo como desejo veemente de alcançar bens materiais ou o que satisfaz o amor próprio e não há nada de errado num ser humano que tenha desejos. Aliás, ambição está intimamente ligada aos sonhos, às meta e aos objetivo. Embora não seja fator primordial, sem ambição ninguém chega a lugar algum. Para alcançar o sucesso preciso desejá-lo, ter ambição pela conquista.
RH - No caminho até o sucesso, como o profissional deve lidar com um possível fracasso?
Yasushi Arita - Embora muitos profissionais não gostem nem de pronunciar essa palavra, o fracasso faz parte do sucesso. É uma oportunidade de aprendizado, de rever onde é preciso melhorar, o que está faltando para alcançar os objetivos. Outro dia eu estava jogando uma partida de tênis e perdi feio. Aquilo me deixou intrigado e, ao invés de ficar buscando justificativas, decidi rever mentalmente todos os lances e descobrir onde eu precisava melhorar. Detectei diversos aspectos e comecei a treinar cada um deles. Certamente na próxima partida ficarei mais atento aos lances, vou me aperfeiçoando até chegar o momento em que não cometerei mais os mesmos erros. Na vida profissional é a mesma coisa. A análise que fiz da partida de tênis cabe em todas as áreas da nossa vida. Fracasso não é o fim é a oportunidade de um novo começo.
RH - O erro, na trajetória para o sucesso profissional, deve ser sempre visto como aprendizagem?
Yasushi Arita - Existe um ditado que diz "errar é humano" e eu concordo plenamente com isso. Se existe ser humano perfeito ainda não me apresentaram a ele. Ninguém é perfeito, embora muitas pessoas busquem a perfeição nos outros e nas circunstâncias. O medo de errar impede o crescimento. Assim como a questão do fracasso que falamos anteriormente, o erro é uma oportunidade de rever o que precisamos melhorar. Aqueles que assumem seus erros têm muito mais chances de acertos.
Patrícia Bispo
Formada em Comunicação Social - Habilitação em Jornalismo, pela Universidade Católica de Pernambuco/Unicap. Atuou durante dez anos em Assessoria Política, especificamente na Câmara Municipal do Recife e na Assembléia Legislativa do Estado de Pernambuco. Atualmente, trabalha na Atodigital.com, sendo jornalista responsável pelos sites: www.rh.com.br, www.portodegalinhas.com.br e www.guiatamandare.com.br.
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